Curitiba: “ciclofaixa de lazer” pra quê?

Quem anda pelo centro da cidade de Curitiba percebeu pequenas mudanças pelas avenidas: foi pintado uma “ciclofaixa” de 4 km na pista esquerda das ruas do centro da capital paranaense, para lazer e em um domingo por mês, das 8-16h. Essa iniciativa da prefeitura é apresentada como projeto de ciclofaixa e infelizmente, contou com a elaboração e implementação arbitrária do poder público municipal.

A prefeitura parece ter ignorado os movimentos diversos que vem lutando por uma mobilidade efetivamente sustentável na famigerada “cidade modelo”. Ignoraram, pois:

  •  *A bicicleta como modal alternativo de mobilidade;
  • *Que o que foi pintado nas ruas da cidade é um mero lazer e que vai do nada pra lugar nenhum;
  • *Os movimentos locais que reivindicam a faixa direita – de menor velocidade – como a pista mais adequada para pedalar;
  • *Uma das soluções plausíveis para o caótico trânsito local, para a redução de vítimas fatais e para a redução do sedentarismo e aumento da saúde;
  • *Que o Estado deve planejar suas ações para evitar desperdício do dinheiro público;
  • *Que o Estado deve consultar a sociedade para garantir o melhoramento contínuo do projeto e garantir a recepção por quem deverá utilizá-la diariamente;

Parece até que a intenção é fazer com que o projeto fracasse e assim se possa afirmar à hegemonia plena e inquestionável da cultura do carro e da indústria automobilística. Todavia, parece mais oportuno ser otimista e acreditar na incompetência municipal à má fé pública.

Infelizmente, todavia, se nenhuma atitude for tomada esse protótipo de ciclofaixa nasce natimorto e com o voo de galinha programado para terminar nas eleições municipais de 2012 – tudo indica que essa iniciativa será apenas para dizer que a “cidade modelo” tem iniciativas sustentáveis e “inclui” a bicicleta entre seus modais de transporte.

Lutemos para evitar que a ciclofaixa se torne a típica política de inflamento de ego do orgulho de ser curitibano. Sendo assim, apenas os movimentos organizados poderão reverter os erros básicos do projeto até aqui implementado e dar vida a uma solução sustentável de verdade.

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