O fim é o início

Quem abriu a caixa de Pandora? Não se assuste mas não há como evoluir na vida sem adversidades. – Dor, sofrimento, inveja, ódio, medo… + Força, dignidade, amor, esperança, amadurecimento, evolução… 

Existem centenas de opiniões, estudos e prognósticos para o simbólico ano de 2012. Pra não perder a oportunidade, expressarei também uma humilde opinião. Não por aderir aos modismos, mas por sentir algo sincero e digno de ser compartilhado na esperança de ser compreendido e compreender melhor o próximo também.

Embora sem nenhum requinte, trata-se de uma reflexão existencial! Piegas, é verdade, mas uma reflexão existencial. Inclusive, nesse momento, interesso-me por outras histórias e pensamentos existenciais. A minha percepção diz que as coisas importantes do passado começam a se desintegrar enquanto novos valores estão por vir.

 Bom, semanas atrás um amigo andarilho encaminhou e-mail que dizia que estamos recebendo um aumento de energia em nossas mentes e que tudo isso gera uma certa confusão. Dizia que a grande diferença está na consciência e na aceitação pra aprendermos a usar tais energias mais rápido e a nosso favor. Embora elas pareçam estranhas e paralisadoras, recomendava-se sua experimentação honesta pelo elevado potencial energético que nos farão mudar nosso modo de vida – ao menos, pra mim vem sendo muito relevante! 

Enfim, apesar dos pesares, venho me identificando muito com esse momento de adversidade. Como já dito, 2012 tem sido um ano emblemático, transformando intensamente, gerando alegria e insegurança ao mesmo tempo. Encaro a vida de maneira totalmente diferente do que um dia a vi. Podemos falar em calendário Maia, retorno de saturno, crise dos trinta anos, fim do mundo e demais profecias. Parece que (re)descobri a vida apenas agora. Pode parecer loucura, mas embora nada tenha mudado tudo mudou.

Nesse interin, por recomendação de uma amiga existencialista, (re)descobri a literatura de Clarice Lispector e parece que suas palavras foram todas feitas pro meu estado de consciência atual. Parece ser impossível ler e entender a essência dessa literatura sem nunca ter vivenciado uma crise existencial. Como diz a autora, “só posso compreender o que me acontece mas só acontece o que eu compreendo”. Ou não menos importante: “Como é que se explica que o meu maior medo seja exatamente em relação: a ser? e no entanto não há outro caminho. Como se explica que o meu maior medo seja exatamente o de ir vivendo o que for sendo?”

Entre outras leituras sedutoras, citaria também a (re)leitura do profundo lobo da estepe do Hermann Hesse! Embora tenhamos acesso a bens materiais e simbólicos, tenhamos saúde, família e amigos, muitas vezes não nos contentamos com isso. Como diria Hesse, é difícil aprender a estar contente consigo e com a nossa própria vida. (…) “nele o homem e o lobo não caminhavam juntos, nem sequer se ajudavam mutuamente, mas permaneciam em contínua e mortal inimizade e um vivia apenas para causar dano ao outro, e, quando há dois inimigos mortais num mesmo sangue e na mesma alma, então a vida é uma desgraça. Bem, cada qual tem o seu fardo.”

Embora haja momentos imersos em sensações de insegurança, medo e incerteza, há também amadurecimento, transformação e aprendizado pra toda a vida! É incrível, a vida é realmente maravilhosa e assustadora ao mesmo tempo! Sentir isso em cada célula do corpo é algo verdadeiramente transformador e desconcertante …

 Se é realmente verdade que sem dor não há vida e embora não seja saudável gostar de senti-la continuadamente, a dor é fundamental para fazer crescer. Não sabemos onde isso tudo dará (se será apenas um fim simbólico ou real do planeta em 2012!?) mas tenho certeza que nunca mais seremos os mesmos, estamos evoluindo, sendo cada vez mais humanos, sentindo a essência do que é viver e a responsabilidade de sermos cada dia melhor do que somos hoje. Isso é bonito, poético e muito profundo. Por isso mesmo não abro mão de vivenciar e experimentar intensamente tudo que esse momento de “crise construtiva” ou “loucura consciente” está abrindo.

 Hoje é possível ver as pessoas, o mundo, a espiritualidade, o sentido da vida, do afeto, do amor, da amizade e da família de maneira totalmente nova e distinta do que um dia foi. A vida parece se tornar algo mais suave, natural e fluída apesar do momento sensível.. 

Como passar pela vida e não sentir isso tudo? Apesar de ser complexo, sou grato as oportunidades de transformação pessoal que vem se abrindo nesses dias intensos de reflexão e mudança. De fato, é difícil sorrirmos e agradecermos aos momentos de angústia e dor pelas portas que se abrem, pelo amadurecimento que adquirimos, pelo crescimento pessoal, mas sem isso tudo seria mais do mesmo. Muitos dizem que isso é a vida, que isso é viver, que o desconhecido é e será a tônica de nossas vidas. Quem viver verá….

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2 Responses to O fim é o início

  1. Michele says:

    Belas palavras! A metamorfose é dolorida, deixar nosso ego pra trás é sempre um desafio, somos tão apegados ao que consideramos nossa identidade… Mas “depois do fogo restam só fumaça e brasas e eu tiro as cinzas do meu peito nu, daqui a pouco meus dois braços serão asas e eu me levanto renascido e cru” – http://www.youtube.com/watch?v=llOOO9d-pVg

    Boa sorte para nós em nossas evoluções pessoais e em nossa jornada coletiva nesse planeta! =)

  2. erico says:

    É um eterno aprendizado mesmo, Mi!
    adorei o verso da música!!!
    Boa sorte pra nós e tudo vai dar pé – não importa como 😀

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