Este é um debate corrente na Bolívia, ainda mais quando uma nova Constituição propõe-se a integrar toda a diversidade de seu povo, costumes, etnias, língua em uma nação única e harmônica, justa e soberana.
Diversos gestores artísticos-culturais bolivianos estão analisando as proposições culturais da nova Constituição do Estado. Para alguns, esta política está se configurando ao calor da conjuntura sem um horizonte tangível. Para outros, a Carta Magna é um grande avanço pois a visão holística das culturas nacionais, sobretudo a indígena, terá o seu lugar correspondente.
Desde a posse do Governo de Evo Morales, em 22 de Janeiro de 2006, este se propôs a fazer uma revolução democrática e cultural. Recentemente, o Vice-Ministro da Cultura boliviano, Pablo Groux, declarou a criação do Ministério da Cultura para a terceira semana de 2008 como forma de referendar as proposições do Governo.
Nas idas e vindas entre a Assembléia Constituinte e o Governo Nacional, uma boa reflexão se vai fazendo. Para o artista plástico Edgar Arandia, Ex Vice-Ministro de Cultura, “o Governo que acende ao poder entende a cultura ao calor da conjuntura, sem um horizonte tangível. Edgar também crê que ” agora é possível, a partir da nova Constituição fazer planos e projetos de alcance nacional e a longo prazo.”
Para Sergio Calero, produtor e diretor de Cinema, “é um avanço a interculturalidade como ferramenta de convivência. Além disso, sao também notáveis os limites da proposta no momento de se por em prática. Primeiro, penso que a cultura ainda não ‘joga no time titular’, segue num papel complementar e não é considerada como parte fundamental na formação, convivência, e o crescimento do país”, conclui.
Para o analista político Carlos Cordero, exaustivo na contra-posições, afirma que a nova Constituição “sobre-dimensiona o significado das Culturas originárias, como suas práticas, sues costumes e saberes. Afirma que ” se esquece da construção de uma identidade desde a fundação da República, como o resultado da mestiçagem das culturas originárias e as migrações que deram vida a uma cultura contemporânea”. Entretanto, esquece-se o senhor Cordero, que até o momento, os povos originários foram esquecidos e explorados como cidadãos de “segunda linha”, o que não é verdade!
Por fim, Sergio Calero afirma que “muitas coisas estão avançando, mas que para toda quinta roda do carro, um passo para frente é um passo gigante.”
*CPE = Constituição Política do Estado
Por Érico Massoli, correspondente do Coletivo Soylocoporti em La Paz – Bolívia.