Sediar uma copa do mundo pode trazer resultados positivos e negativos. Normalmente os prejuízos são compartilhados entre todos e os lucros ficam apenas para alguns. A velha tática da socialização das perdas e privatização dos lucros estão a solta.
Os otimistas enaltecem o potencial socioeconômico, cultural e estrutural enquanto que os pessimistas alertam para os problemas da corrupção e da má gestão do dinheiro público, “cartolagem” e elevadas exigências praticadas pela FIFA em benefício de seus parceiros internacionais prioritários – danem-se os cofres públicos e seus contribuintes. Eis o futebol como entretenimento, alienação e empreendimento capitalista global.
O apito inicial do jogo está dado. A oportunidade existe e as chances de êxito somente serão alcançadas satisfatoriamente com o emponderamento, controle e participação no processo de decisão por parte da sociedade, maior interessada num evento como esse.
Atualmente, o Brasil está em alta no mundo globalizado, e internamente, passando por mudanças profundas em sua estrutura social, repercutindo num crescimento econômico robusto, geração de emprego e renda combinado com uma intensa ascensão social junto as classes mais desassistidas.
Os investimentos interno e externo, por conta da Copa 2014, tendem a melhorar ainda mais esses índices – especialmente com as aplicações em transporte público (aeroportuário e rodoferroviário), segurança pública, infra-estrutura hoteleira e equipamentos culturais para o turismo.
Porém, o plano de execução da Copa está atrasado, sofrendo com a ingerência da CBF – que até aqui determinou as prioridades dos estados sedes – carecendo de maior controle público das operações e despesas pretendidas, evitando-se a corrupção e o desperdício das receitas públicas, como no episódio recente do Pan-americano no Rio de Janeiro, em que todas as previsões orçamentárias foram fatidicamente extrapoladas. A Copa do Mundo no Brasil reproduzirá os resultados da Copa da Alemanha ou da África ?
Aos cidadãos, vale conferir o Portal da Transparência da Copa 2014 – Transparência em 1 lugar, e verificar os investimentos esportivos e de mobilidade urbana nas 12 cidades-sedes. Ficar atento aos diversos gastos e cobrar as obras de interesse coletivo é o primeiro passo. Verificar a lisura em licitações públicas, certamente, o mais difícil e desafiador dos obstáculos.
Em Curitiba – a tão alardeada cidade modelo, capital social e cultural – segundo dados da prefeitura no Portal da Transparência, estão previstas obras de ampliação e remodelamento da Av. Cândido de Abreu, Extensão da Linha Verde Sul, Corredor Metropolitano, requalificação do corredor Marechal Floriano, Rodoferroviária e do Terminal de Santa Cândida entre outras melhorias do sistema de mobilidade urbana.
Entretanto, se velhos erros não forem contornados, os brasileiros sofrerão uma derrota catastrófica, muito pior do que perder a final da Copa do Mundo. Por consequência, setores como o da Educação e Saúde poderão deixar de receber mais investimentos mas o espetáculo do mundo da bola terá feito mais uma vítima: o próprio país do futebol. Espetáculo nas quatro linhas e vexame na vida real. Será esse o nosso destino ?