Embora a Argentina enfrente uma certa instabilidade monetária, econômica e inflacionária, no aspecto cultural, Buenos Aires segue sendo uma capital efervescente, robusta, intensa, fluída e a mais latino americana de todas no continente.
A mescla de uma arquitetura autêntica com sotaques, culinária e manifestações culturais diversas faz dessa cidade um ótimo ponto de encontro.
No aspecto da ação e produção cultural, é interessante notar a desenvoltura autônoma dos agentes culturais argentinos. Temos muito pra aprender com os vizinhos hermanos. Aliás, em contraste com o Brasil, que possui uma constituição bastante tutelar, é também um grande diferencial. Afinal, como bem diz o art. 215 da constituição brasileira, “o Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais”. Não é ruim o caráter de tutela, mas é bom ter autonomia e protagonismo efetivo no segmento organizado da sociedade civil pra evitar comodismos e dependência em relação ao Estado.
Quando analisamos o financiamento público por intermédio das Leis de Incentivo como pelo Programa Cultura Viva percebemos como há uma grande dependência das produções culturais brasileiras por esses mecanismos de fomento. Eis um ponto importante para refletir…
Ademais, enquanto o Programa Cultura Viva é redesenhado e enfraquecido no Brasil, por outro lado, na Argentina, ele é debatido e mobilizado publicamente pela sociedade civil ao ponto de já ter sido aprovado em primeiro turno pelo congresso nacional argentino.
Será que realmente não temos várias questões para aprender com os hermanos argentinos? Não há dúvida que se juntarmos Brasil-Argentina surgirão inúmeras soluções positivas para o Mercosul e para a América Latina! Sigamos em frente e priorizemos principalmente a integração cultural latino-americana.