La Hoja de Coca no es Droga

A folha de Coca no mundo Andino

A Coca vem da palavra aimara Kkoka, que significa ‘arbusto’. Mas, a Coca não somente foi um alimento para o homem andino, assim como seu uso tradicional teve multiplas funções como de sobrevivência, integração e identidade étnica, todo o qual se viu reflexo em diversos aspectos da sociedade andina: econômico, religioso, cultural, medicinal e nutricional.

As formas tradicionais de trabalho comunitário não seriam possíveis sem a Coca e os conquistadores espanhóis sabiam disso, ao ponto de utilizarem a folha de Coca como moeda de pagamento e como tributo no século XVI.

A folha de Coca sempre foi parte integral do processo produtivo:no trabalho do campo, construção de infra-estrutura, transporte, mastigando-se antes, durante e depois do trabalho. Esta prática assumía um carater ritual quando realizava-se em forma comunitária.

La Hoja de Coca no es Droga!

A mãe natureza (Pachamama) deu ao mundo andino uma planta maravilhosa chamada ‘la hoja de Coca’, cujas as folhas tem sido usadas como alimento e medicina na região desde antes da fundação do Império Inca. O homem andino sempre a considerou como uma planta sagrada, por que a folha de Coca lhe proporcionava energias extraordinárias para vencer a geografia acidentada de seu habitát e por que curava todos seus males.

Com a chegada dos conquistadores, a imagem sacra da Coca deixou de ter vigência. A Coca foi perseguida desde 1540, os espanhóis em sua missão de evangelizar os indíos, e em seu afã de acabar com as idolatrias, foram os primeiros a desprestigiar esta planta, oriunda do Peru e de toda região do altiplano andino, julgando a folha de Coca de maneira absurda e injusta, ao considerá-la como uma planta do ¨demômino¨.

Vale a pena mencionar o trabalho acadêmico que fez o médico, literato e idealizador da Independência do Peru, Dom Hipólito Unánue Pavón (1755 – 1833), quem, apesar de existir mais de dois séculos de censura contra o uso da folha de Coca, foi o primeiro a fundamentar científicamente suas propriedades e utilizações benéficas, em seus diversos artigos publicados em seu periódico ¨el Mercurio Peruano¨ (1794), chamando-la ‘el architónico del Reino Vegetal’, exercendo uma grande defesa e difusão de seu consumo ( Livro La Coca, 2006, Miguel Zamora).

Na atualidade as propriedades benéficas da folha de Coca são motivo de controvérsias, debates e criminalização de costumes milenares e originários, aonde muitos estudiosos da medicina a consideram como um alimento indispensável, e inclusive se atrevem a afirmar que no futuro próximo será uma grande alternativa contra a fome e a desnutrição, assim como a batata, outro grande produto Inca, o foi para a população européia na escasses de alimentos durante o século XVII. Assim como a rapadura e suas variáveis ajudaram a combater a desnutrição infantil no nordeste brasileiro, a folha de Coca e seus similares podem e devem extirpar a fome dos países latino americanos.

Devemos ter em conta que a folha de Coca não é sinônimo de cocaína, muito menos de uso de drogas; por isso é necessário saber que a cocaína é um dos 14 alcalóides que compõem a folha de Coca, que além disso é composta por proteínas, vitaminas e minerais, e em sua forma natural, a folha de Coca, jamais poderá causar adiccion’ (que consiste no consumo compulsivo da substância. Parece estar relacionado com o fenômeno da sensibilização, oposto a dependência, em que, o uso contínuo aumenta alguns efeitos das substâncias psicoativas. Com o passar do tempo o uso contínuuo diminue a tolerância), por ter em sua composição química a substância da cocaína, cuja a preparação, fabricação, comercialização organizada e consumo deram lugar a um monstruoso império do narcotráfico, cuja expansão mundial, vem causando preocupação em todos os estados e governos, a tal ponto de ter sido catalogada como o principal flagelo do século XXI. Fica claro que o problema está na maneira como o homem aproveita a folha. Da cobiça a criminalização da folha sagrada, na falta de sensibilidade com as culturas diferentes e no equivocado trato das drogas – como caso de polícia, violência e criminalização – os resultados mundiais só pioram, aonde o crime organizado e a lavagem de dinheiro não param de crescer.

A história andina demonstra que os antepassados indígenas (aimaras e quechuas) eram grandes consumidores desta planta, e atravéz do mascado e da farinha de Coca, gozaram de muitos anos de vida e saúde. Isto se pode provar através dos restos mumificados encontrados em diversas regiões, surpreendentemente eles conservam quase intactos seus músculos e óssos. Pois que datam de 6.000 anos antes de Cristo, os vestígios de seu uso em cerâmicas, utensílios e tecidos.

Criminalização da folha de Coca

Quando os espanhóis chegaram ao ¨novo mundo¨ encontraram uma planta milagrosa e nutritiva. Mesmo assim, os colonizadores nunca viram com bons olhos o consumo por parte dos indígenas.

Logo a posição da Igreja Católica acentuaria o rechaço, e em meados do século XVI o Primeiro Concílio Eclesiástico, realizado em Lima (1551), solicitaria ao rei da espanhã oficialmente a proibição do consumo da folha de Coca, argumentando-se que tal planta teria propriedades maléficas por que os índios a utilizavam para adorar e invocar ao Satanás.

Um segundo Concílio, realizado em 1567, em Lima, ratificou-se o rechaço ao consumo da folha de Coca. Ocorreu assim o choque de duas civilizações e nesse enfrentamento a Coca saiu perdendo. De planta divina para a cultura inca, converteu-se em satânica para a Igreja Católica.

Em 1860, o químico alemão Albert Niemann descobre a cocaína, um dos 14 alcalóides que contêm a folha de Coca. Sigmund Freud publicou um ensaio ‘Über Coca (1884)’, analizando as propriedades da folha e recomendava para o tratamento de uma série de mal estares físicos provocados pela tensão nervosa e da fadiga. Mas, Freud cometeu um grave erro ao confundir a cocaína como a essência ou concentrado de Coca. Tal equívoco custou caro ao futuro da folha sagrada.

Em meados do século XX, em 1950, um informe elaborado pelo Conselho Econômico e Social das Nações Unidas reconheceu o conteúdo com diversos nutrientes, vitaminas e minerais, em especial o cálcio. Infelizmente, este sería o único voto favoravel que obteria a folha sagrada a nivel mundial por que 11 anos depois, em 1961, a Convenção Única Sobre Drogas Narcóticas das Nações Unidas sobre substâncias psicotrópicas estabeleceu uma série de mecanismos de controle sobre o cultivo da Coca. Na prática as Nações Unidas haviam declarado guerra a folha sagrada dos Incas. Para piorar a situação e as contradições do tema, o próprio Peru firmou o dito convênio.

No ano de 1994, os presidentes do Peru e Bolívia assinaram a Declaração de Ilo, aonde buscaram a valorização da imagem da Coca, ficando ¨Acordado a constituição de uma comissão binacional de alto nível, coordenada pelos Ministérios de Relações Exteriores, com o papel de elaborar e executar uma estratégia conjunta de revalorização da folha de Coca, cujo principal objetivo será retirar a folha sagrada da lista número 1 da Convenção Única de 1961.¨

Já no ano de 2001, o Congresso Nacional Peruano retomou o tema e aprovou a moção N 785 que recomendava ao Executivo realizar uma gestão estratégica para a retirada da Lista 1 da Convenção Única de Entorpecentes. Mas o governo do presidente Alejandro Toledo preferiu ignorar tal recomendação e assassinar os costumes do povo que lhe elegeu.

Segue abaixo poema de Marina Escobar.

Por Marina Escobar

La coca andina es verde

y es mejor que la espinaca

de los popeyes del norte;

si comes coca no te drogas

si comes uva no te embriagas

Si erradican los cocales

que erradiquem los viñedos

cebada y cañaverales,

por qué estamos desde Noé

transformando alimentos

creyendo estar más contentos ?

A la coca la blanquean,

a la uva y la cebada la fermentan

a la caña la trituran.

Carajo qué hombres tan locos!, quizá es mejor ser animal.

Por Érico Massoli, coletivo Soylocoporti

Fontes:

La Coca, 2006, Jr. Miguel Zamora 148, Lima-Peru

LA COCA, geografia, história, Cultivo e Tradição nas províncias de Calca e a Convenção, 2006, René Ascue Muñiz – Cusco – Peru.

http://www.soylocoporti.org.br/

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Os índios de Lakota declaram independência nos EUA

A notícia

No último dia 20 de Dezembro de 2007, os índios Lakota, uma tribo Sioux, os descendentes dos lutadores que agora são lendas, e fiéis a suas origens mantém o espírito guerreiro de seus ancestrais. Demonstraram sua força com a recém declarada independência dos EUA.

Segundo o ativista indígena Russeall Means, “já não somos cidadãos dos Estados Unidos e quem vive no território de cinco estados que compõem nosso país pode unir-se a nós.”
O motivo apontado pelos nativos é o reiterado incumprimento dos acordos firmados pelo Governo estadonidense, que remetem a mais de 150 anos.

Portanto, desde as últimas ações de independência, de forma unilateral mas legal, os índios informaram ao departamento de estado a decisão, e estão realizando desde então reuniões diplomáticas com a Bolívia, Chile, África do Sul e Venezuela.

Mais informações:

http://www.aporrea.org/internacionales/n106470.htmlJALLALLA!!!SARANTASKAKI

Independencia de la Nación Lakota

Opinião

Tais fatos, me fazem concluir que muito além de um movimento latino americano, a independência e a luta pela soberania indígena, alcança abrangência em todo o mundo. Enquanto a América Latina é sacudida por movimentos nacionalistas e populares, e para alguns apenas como “populistas”, que certos ou errados, buscam seus caminhos de forma autônoma, os estadunidenses também o fazem, mais exatamente os Lakotas.

O poderio econômico/militar foi um grande argumento para os EUA se aventurarem em empreitadas genocidas, belicistas, golpistas nos variados países latino americanos. E agora José ? Nós Sul-americanos, sempre fomos tido como o quintal da maior potência do mundo. Estamos tentando apagar essa história ao custo de muitas vidas e lutas.

Por fim, muito sintomático poder confirmar mais uma vez de que lado a grande mídia samba. Afinal, fatos tão excepcionais se quer tiveram uma notinha nos noticiários globalizados. Nada que a Inernet não posso driblar. Deve ser por que em breve, todos os Lakotas se “auto aniquilarão”, ou melhor, serão obrigados a suicidar-se. Só pode ser isso mesmo!

Os originários de Lakota podem não durar muito tempo, mas fica provado que o maior império do mundo tem um grande “calcanhar de Aquiles”. E não se chama Iraque ou Osama Bin Laden. Acho que vou dormir muito bem hoje!

O que a história diz ?

Os conquistadores chegaram pelo Atlântico, no Leste. Dizem que levaram trezentos anos para empreender a Marcha para o Oeste, em busca de terras, ouro e peles de búfalo. No ano de 1806, o ouro de Minas Gerais, Mato Grosso (terra querida!) e Goiás, no Brasil, já se havia esgotado. Portanto, a revolução industrial estava garantida e consolidada. A corrida do ouro nos Estados Unidos começou em 1849. Os conquistadores portugueses e espanhóis já haviam vasculhado a América do Sul e Central, catando metais preciosos, quando a história de “triunfo e tragédia” do oeste norte-americano começou.

Triunfo e tragédia, realmente. Triunfo pela implantação da ferrovia e de colonos agricultores e pecuaristas numa vastíssima região; tragédia pela expropriação e matança dos povos nativos. Os capítulos da história falam de protagonistas dos acontecimentos, de aventuras, mitos, ecossistemas, migrações, povos nativos, hispânicos, asiáticos, afro-americanos, europeus, contam como foi o povoamento, a distribuição de terras (eram doadas, mas os colonos tinham de produzir nelas por cinco anos), narram a resistência dos índios (que nos habituamos a ver nos filmes de faroeste como os bandidos da história, os malvados, assim como Allende, Chavez e Evo), mostram montanhas de ossadas de búfalos, chocante “brother”!

Lembremos que a história brasileira de conquista do oeste não é menos fantástica. Tivemos grandiosas lutas de conquistadores contra povos nativos. Uma história em tanto jamais contada no cinema, como foi o norte-americano. O “gentio paiaguá”, como eram chamados pelos portugueses os índios da região pantaneira, lutando em canoas, das quais eram exímios pilotos. Índios lutando a cavalo, exímios cavaleiros. A descoberta de ouro. “Fudeu meu irmão!” Estabelecimento de fronteiras. Implantação de fazendas. As dramáticas passagens por cachoeiras. A ferrovia fracassada. Tudo isso está descrito em documentos escritos pelos participantes, existentes nos arquivos do governo de Mato Grosso.

Por que não desenvolvemos aqui um projeto para uma série como esta, numa parceria de organizações não governamentais com os ministérios da Educação e da Cultura e secretarias da Cultura dos Estados envolvidos?Para quem conhece os documentos, a história é fascinante.

Não se preocupem! É apenas mais uma indagação bairrista de um Mato grossense inconformado.

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La coca hermanos es verde

Por Marina Escobar

La coca andina es verde

y es mejor que la espinaca

de los popeyes del norte;

si comes coca no te drogas

si comes uva no te embriagas

Si erradican los cocales

que erradiquem los viñedos

cebada y cañaverales,

por qué estamos desde Noé

transformando alimentos

creyendo estar más contentos ?

A la coca la blanquean,

a la uva y la cebada la fermentan

a la caña la trituran.

Carajo qué hombres tan locos!, quizá es mejor ser animal.

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2008: Convenção sobre drogas da ONU

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A folha de Coca na atualidade, apresenta-se como uma alternativa contra a fome e a desnutrição, e muitos nutricionistas recomendam, a elaboração de numerosos pratos culinários preparados a partir da folha. Segundo as pesquisas da medicina natural, toda pessoa deve consumir diariamente, 25 gramas de folha de Coca, em média. Este ingrediente, permite um conforto físico e mental aos seus consumidores. As civilizações antigas já sabiam disso a muito tempo! Seu uso data, nada mais, nada menos, do que de 5000 mil antes de Cristo.
Devemos afirmar que frente ao uso e consumo da folha de Coca na alimentação diária, existem duas posições rotineiras: os que são defensores de suas bondades e propriedades, e que, portanto, sustentam que deve ser consumida na dieta diária; e aqueles que a consideram como uma planta nociva, com o pressuposto de causar ¨adicción¨. Na realidade, quem se opôs férreamente a proibição de seu consumo são as grandes indústrias farmacêuticas, empresas transnacionais, que ganham milhões de dólares com a venda de seus produtos químicos.

Finalmente, gostaria de expressar meu otimismo e confiança no retiro da folha de Coca da lista de drogas nocivas, elaboradas pela Convenção Sobre Drogas, cuja a nova reunião se realizará no ano de 2008, na cidade de Viena (Áustria). Não podemos permitir que os países industrializados imponham seus critérios para e exploração de recursos naturais de origem andinas. A queda de braço é de cunho político, econômico e Cultural. Portanto fiquemos atentos as movimentações!

Por Érico Massoli

 

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27/12 – Reunião dos Movimentos Sociais com Evo Morales

Cochabamba, 27 de Dezembro de 2007.

Chegamos as 06h00 da manhã em Cochabamba. Não consegui ¨pregar o olho¨ a noite toda. Estou bêbado de sono. O velho problema de sempre: os ônibus são muito apertados, tendo pequeníssimo espaço entre as poltronas e com frequência, sem banheiro. Ou seja, quem não tem grana para o Bus Cama,$, tem que enfrentar a maratona. É mais desgastante mas também vale a pena. Afinal somos todos filhos de Deus. De brinde vem as intermináveis paradas, sobe e desce de vendedores com as comidas mais diferenciadas possíveis, sendo tradicionalmente na figura das ¨Cholitas¨.Os ônibus nunca saem vazio. Todavia é difícil sair no horário, já que da partida à chegada do trajeto, tomam assento muitos passageiros transeuntes. Tudo isso só para dizer de mais uma noite dormida em ¨la Carretera¨. Eis que ¨virar¨ a noite no bonde, é uma boa maneira de economizar uma diária e avançar quilometros do itinerário.

Voltando a Cochabamba…da chegada ao café da manhã, na feirinha em frente, a espera das 9 da manhã, lemos e descansamos nos bancos da rodoviária, e seguimos para a reunião dos movimentos, na casa campestre, km 10, em Cochabamba. Chegamos por volta das 10 horas da manhã e logo entramos. O é hotel grande e luxuoso. Muito bonito, piscina, mais de 3 refeições diárias e tudo mais. Entramos pelo portão e logo estávamos arrodeados pelos carros presidenciais. Emmanuel apertou a mão de Álvaro Garcia Linera, vice presidente da bolívia, e do outro veículo desceu Evo, presidente, simples e seguro dos rumos da Bolívia. Eles foram para uma reunião de Governo e nós seguimos em busca da reunião dos movimentos e o MAS – Movimento ao Socialismo, representantes dos diversos setores da sociedade civil, desde as ¨juntas vecinales¨, estudantes, campsinos, Fejubes del Alto, La Paz, Oruro, Potosi, Santa Cruz, Sucre, Chuquisaca, Cochabamba e etc. Melhor oportunidade impossível!! ¨Prato cheio¨ para os embebecidos estrangeiro, quem se privaram das ceias de Natal e ano novo, em busca da imagem perfeita e de fatos reais sobre a questão política boliviana.

Ficamos aproximadamente 1 horas na porta de entrada da plenária. Não parava de chegar gente o tempo todo e de todas as regiões do país. Uma ampla reunião popular. A pauta: O governo de Evo Morales, reflexões, análises, sugestões e possíveis mudanças políticas para o ano de 2008. Ano esse que terá 3 referendos populares, para definir o tamanho das propriedades de terras (5 ou 10 mil hectares ); referendo revogatório dos mandatos e o referendo de aprovação ou não da nova Carta Magna do Estado. Falava-se muito das exigências do MAS e dos movimentos sociais, e o ímpeto em derrubar de 2 a 4 Ministros do Governo. Motivos: não cumprimento com a plataforma política, incapacidade e/ou má gestão.

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Campanha pela Constituinte exclusiva e Reforma Política no Brasil

O PT iniciou no domingo, dia 2 de Dezembro de 2007, conjuntamente com membros dos movimentos sociais a coleta de assinaturas ao projeto de iniciativa popular que pede a realização de um plebiscito para que o povo decida, soberanamente, se a reforma do sistema político brasileiro deve ou não ser feita por uma Assembléia Constituinte exclusiva.

 

O projeto propõe a convocação do plebiscito para o dia 31 de Janeiro de 2009, quando os brasileiros deverão responder à seguinte questão: “O sr (a) aprova a convocação de uma assembléia constituinte soberana e específica para promover uma reforma constitucional no Título IV da Constituição Federal que redefina o sistema político-eleitoral?”.

Para que um projeto de iniciativa popular seja apresentado no Congresso Nacional são necessárias as assinaturas de pelo menos 1% do eleitorado (algo em torno de 1,3 milhão de pessoas acima de 16 anos), com participação de no mínimo cinco Estados da federação.

Diante disso tudo, é importante traçarmos um paralelo com democracias mais participativas, em que o povo, via de regra define os rumos de seu país. Podemos tomar de exemplo o caso da vizinha Bolívia, que em 6 de Agosto de 2006 iniciou o processo da Assembléia Constituinte em Sucre para elaborar sua nova constituição política do estado. Para tal fim, foram eleitos representantes dos partidos e da sociedade civil organizada, para em nome do povo, formularem sua novas leis, direitos e deveres. Portanto, não é possível fazer a reforma política e alterar a correlação de forças, por intermédio dos atuais parlamentares do parlamento. É a mesma coisa que pedir para o rato tomar conta do queijo.

Outra questão relevante, é o descrédito da instituição parlamentar. Não nos esqueçamos que o Poder legislativo passa por uma catastrófica crise de identidade, e que fique claro que não é apenas no Brasil, mas em todo o mundo. Via de regra, o Executivo sobrepõe-se ao legislativo, minimizando o papel independente, fiscalizador e de representação dos anseios populares. Tomemos de exemplo a não aprovação da CPMF pelo Senado, e que, a maioria absoluta dos governadores, mesmo favoráveis, viram seus representantes da câmara alta votarem contra os interesses dos estados e de seu povo.

Façamos um destaque ao pensamento de Montesquieu e Rousseau, e o nascimento de uma concepção pautada pela divisão de poderes do Estado, que surgiu como um limite objetivo e institucional ao exercício do próprio poder. Vale lembrar também uma velha afirmação de Montesquieu: ¨Todo homem que tem o poder tende a dele abusar¨. Portanto, nasceu daí a necessidade de limitar o poder, fragmentando-o, outorgando a três esferas estatais, a função de elaborar as leis, a função de julgar os transgressores da lei e a função de executar as leis, não sendo nunca prerrogativas de apenas um órgão ou pessoa. Eis que até então, foi a melhor maneira de definir marcos regulatórios para o exercício da política pública. Contudo, na última década, o parlamento vem enfrentando crises constantes. Daí a indagação: será que o parlamento é necessário para a existência de uma verdadeira democracia ? (O funcionamento das Casas legislativas e iniciativas para sua democratização, por José Eduardo Cardozo, Deputado Federal pelo PT – SP).

Tomemos para o povo as decisões políticas do estado. Salvemos nossas instituições democráticas do caos. O marasmo em que se encontra o estado brasileiro poderá ser superado, apenas se reformularmos o sistema político/partidário do país, redefinindo regras, apegadas a valores como a fidelidade partidária, financiamento público de campanha, fortalecimento das instituições partidárias e listas fechadas.

 

Por Érico Massoli

 

 

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Histórico de proibição da folha de Coca

Resumidamente:

  • 1912: A proibição internacional contra a folha de Coca inicia-se praticamente na chamada Convenção do Ópio, em La Haya em 1912
  • 1947: O governo peruano solicitou as Nações Unidas que enviassem ao Peru uma Comissão de pesquisadores para estudar e determinar o caratér nocivo da folha de Coca (Não seria da Cocaína ?). Tal comissão apresentou um informe igualando o mascado da Coca com o uso da Cocaína.
  • 1950: A Organização Mundial de Saúde, através do comité de Pesquisa em Drogas, determinou que a folha de Coca poderia gerar intoxicação
  • 1961: Celebrou-se em Nova York – e não poderia ser em outro lugar – uma reunião denominada Convenção Única de Entorpecentes que estabeleceu definitivamente o controle e erradicação da folha andina em um prazo de 25 anos, a partir da data.
  • 1998: Realizou-se em Viena uma nova Convenção das Nações Unidas contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e Substância psicotrópicas (a qual ratificou os acordos da Convenção de 1961), aonde o governo peruano comprometeu-se a estabelecer uma série de controles sobre o cultivo da folha de Coca. As principais medidas foram:
  • definir as zonas e parcelas de terras em que se permitiria o cultivo da Coca
  • Exigir uma licença especial dos cultivadores expedida por um organismo competente
  • Obrigação dos produtores de entregar a totalidade da produção a um organismo responsável e fiscalizador
  • Estabelecer um monopólio do Estado no comércio da folha de Coca
  • Erradicar qualquer planta ilicitamente cultivada e destruí-la
  • Erradicar os cultivos ilícitos de Coca, respeitando-se os direitos humanos e tendo em conta os usos tradicionais lícitos (muito bonito mas e a prática ?)

Uso Tradicional Lícito

Segundo a Convenção antidrogas de 1988, em seu artigo 14, inciso 2, denomina ¨uso tradicional lícito ao conjunto de usos aplicados a folha de Coca pelos descendentes das culturas ancestrais do Peru.

Então, qualquer intenção de fabricar produtos derivados da Coca chocaram-se com essas resoluções, e a Organização Mundial de Saúde segue considerando a Coca igual a Cocaína, um grande equivoco.

Por Érico Massoli

Referência: livro La Coca, 2006, Jr. Miguel Zamora 148, Lima-Peru.

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Descrição Geobotânica da folha de Coca

Descrição Geobotânica da folha de Coca

Nome científico: Erythroxilum coca

Nome comum: Coca, a planta

Reino: Plantae

Filo: Magnoliophyta

Classe: Magnoliopsida

Ordem: Linales

Família: Eritroxiliaceae

Gênero: Erytroxylum coca

Distribuição Geográfica

A Coca é originária do altiplano andino, entre o Peru e Bolívia, existindo plantações na Colômbia, Brasil, Chile e Argentina. Fora do continente sul americano encontram-se plantações em Camerún (África), nas ilhas de Java e Sri Lanka, Paquistão e Índia (Ásia).

Descrição

É um arbusto cuja altura pode alcança os 6 metros de altura. Geralmente este arbusto vive por volta dos 40 anos, mas com condições ótimas pode chegar até os 100 anos.As folhas, que são a parte mais importante, normalmente estão dispostas em grupos de sete em cada galho.

Condições Climáticas

É uma planta sensível ao frio. As condições mais adequadas para seu cultivo são: uma temperatura média de 20C, umidade de 90% e solos ricos em nitrogênio.

Mitologia

Conta uma velha lenda que o fundador do império inca, Manco Cápac, filho do sol, desceu um dia do céu e se dirigiu ao lago do Titicaca para ensinar aos homens a cultivar as terras, e oferecendo-lhes a planta divina, cujas as folhas, mascadas, faziam recuperar as forças perdidas pela altitude e trabalho duro do dia-a-dia.

Durante o Tahuantinsuyo (as quatro regiões do império inca: altiplano, selva, costa e chaco), seguiu-se com está prática, mas nessa época a folha de Coca estava restrita ao uso dos nobres, chamemos de Incas, seus familiares e curacas, quem acreditava que a Coca era um presente dos deuses. Com a expansão do império incaico, a utilização da da folha de Coca propagou-se as terras conquistadas tendo papel inclusive de moeda entre os povos.

Colheita das folhas

A coleta das folhas realiza-se de 3 a 4 vezes por ano. Estas possuem de 0,5 a 1,5% de alcalóides, os quais podem variar devido a fatores climáticos, qualidade da terra, época de cultivo, colheita, entre outros. O processo da secagem das folhas ao sol é muito importante e demora entre 2 ou 3 dias. Logo após a secagem, as folhas são prensadas e embaladas em paquetes de uma arroba (~11,5 kg) para sua comercialização.

 

Por Érico Massoli

Referência: livro La Coca, 2006, Jr. Miguel Zamora 148, Lima-Peru.

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Alojamiento El Carretero – La Paz

Alojamiento El Carretero

solo Bs. 20 por noche

Calle Catacora 1056 entre Yanacocha y Junin, Tel.:2285271, a 3 cuadras de la Plaza Murillo, Principal centro de la ciudad.

La Paz – Bolívia

  • Host shower all day
  • kitchen (cocina)
  • People from all over the world
  • Ambiente agradable y familiar
  • Habitaciones simples, dobles, triples

We are in the South American Handbook and serveral international guides!

Att.,

El Carretero.

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¿ Cual Colla ?

Faz mais ou menos 15 anos que, em um encontro de jornalistas especializados nos temas culturais em Potosi, os colegas do oriente queixaram-se da visão da Bolívia, eminentemente andino-cêntrica. Tinham razão.

Inclusive os cronistas esportivos do exterior referiam-se – e se referem – a Bolívia como “o país andino”, mesmo tendo apenas 28% do território no alti-plano.

A verdade é que, se tivéssemos que aplicar o conceito meramente territorial, a maior parte da Bolívia, quase 60%, estão nas planícies orientais, devendo ser considerado um país de terras baixas. Mais ainda, 724.000 Km – que representam 65,9% do território nacional – estão sobre as terras amazônicas, assim que, antes de andino, a Bolívia deveria considerar-se um país amazônico.

Agora bem, os residentes da região oriental tem uma visão “collacêntrica” do ocidente do país. Recentemente a televisão mostrou as imagens do suposto Masista que estava tirando fotos de pedintes miseráveis em Santa Cruz e foi violentado por razoes inexplicavelmente racistas. Entre todos que le batiam, apareceu fugazmente uma senhora. Era baixa, com rasgos evidentemente andinos, mas, ainda assim, atacou um “colla de mierda” com golpes no “expião do governo”.

Extremeci-me. Aonde irá parar um país em que as pessoas se odeiam não somente por razoes raciais mas também por questão de residência ? Pode uma pessoa de origem andina converter-se em oriental pelo simples fato de viver, desde seu nascimento, em uma região oriental ? E aqui vem a visão “collacêntrica”.

Para os do ocidente, todos que vivemos em La Paz, Oruro, Potosi, Cochabamba e Chuquisaca, somos “Collas”. Para os racistas, não somente “collas”….. e sim “collas de mierda”. Sabem os residentes do oriente quem eram e quem são os “collas” ?

Os “collas” são os descendentes dos habitantes do reino KOLLA que ocupou o território da desaparecida cultura TIWANACOTA, no planalto do lago do Titicaca. Ainda se expandiu ao ponto de converter-se em uma importante cultura, limitando-se ao norte do império de TIWANAKU porque ao sul floresceu outra cultura: A confederação “Charca”.

Nesse norte estão atualmente parte dos departamentos de La Paz e Oruro, e ao sul estão Chuquisaca e Potosi.

Portanto, o adjetivo “colla” deveria utilizar-se somente para os descendentes desta cultura. Não me atrevo a dizer para os habitantes de tal departamento, já que também há matizes (em Oruro floresceram outras culturas como as dos Urus e Muratos, e nos esquecemos da cultura Andina mais importante, a INCA, que conquistou os “collas” no governo de Pachacutec).

Isso sim. Posso afirmar que os potosinos e chuquisaqueños não somos “collas”, porque o mais correto seria chamarmos “charcas” ou “Incas”. Nem sequer é correto dizer “Cambas” aos orientais, porque nas terras baixas também existe uma diversidade de culturas originárias (Isoseños, Guaraníes, Matacos, Besiros, Guarayos, Pausernas, Sirionos, Vuracares, Ignaeranos, Mojeños, Mosetenes, Chimanes, Tacanas, Araonas, Caviños, Toromonas, Cayulabas, Movimas, Mores, etc., etc).

Mas, para que tanto problema com tanta baboseira racista ? Os nascidos na Bolívia somos bolivianos e ponto. Os demais (Cambas, Collas, Chapacos etc) somente são denominações que lamentavelmente tem levado nosso país a beira do abismo.

Por Juan José Toro Montoya

Tradução por Érico Massoli, correspondente do Coletivo Soylocoporti em La Paz – Bolívia.

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