Mais azar em santa cruz

Escrevo de Cochabamba na Bolívia, estou pulando as etapas das cidades em que passamos pois perdi uma sacolinha em que constava minha Câmera Digital, meu diário de bordo (perdi meus contatos, agendas políticas, opinioes sobre a viagem entre outros), e por isto vou demorar um pouco mais para por em dia novamente os textos.

Que pena!!! Que raiva!! Mas como dizem os companheiros, temos que nos desprender dos bens materiais!!! É difícil mas estamos a caminho.

Havia escrito no diário sobre os problemas vividos em Santa Cruz com a proposta do Estatuto autonômo deles, mas em breve retomo o texto. Outros departamentos estao copiando Santa Cruz e estao começando um movimento para aprovar suas autonomias. Segundo a atual constituiçao da bolívia, se faz necessário 70 mil assinaturas para propror um referendo popular e aprovaçao desse estatuto autonômo.

Esses que defendem a autonomia, o fazem como se defendê-la fosse sinônimo da máxima democracia. Ao contrario, estao defendendo uma autonomia travestida de divisao do país. Que pena! Pouco ou nada se fala também da proposta do governo, e do MAS, sobre sua proposta de autonomia de contempla os indigenas e povos originários!

tenho que ir agora pois estamos partindo de cochabamba rumo a LA PAZ!!!

DEPOIS FAÇO AS CORREÇOES ORTOGRÁFICAS!

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Campo Grande – MS

o trêm da morteSegunda-feira, 17 de Dezembro de 2007

Como previsto, chegamos em Campo Grande – MS, as 11h00 da manha (1 fuso a menos que Brasília). Dormimos a Viagem toda. Dali seguimos para a casa de Morgana, amiga de curitiba, e estudante de farmácia na UFPR. Caminhamos 10 quadras e a encontramos saindo para nos pegarmos na rodoviária. Nos aconchegamos no quo trêm da morteo trêm da mortearto logo o trêm da morteo trêm da morteestávamos almoçando uma boa comida local (arroz, feijao, farofa, frango, salada…). Bem alimentados – importante garantir um boa refeição diária nas viagens, e tomado um banho, seguimos em busca dos sindicatos locais. O desafio era conseguir 4 passagens de ida a Corumbá – MS, ao custo R$ 70,00 cada, em mais 6 horas de viagem. No fim, nossa última esperança, foi parar no Diretório Regional do Partido dos Trabalhadores em Mato Grosso do Sul. Lá chegamos de carona e de cara conhecemos Sérgio (mais conhecido como Serginho), companheiro da Juventude do PT, da cidade de Corumbá. Fomos muito bem recebidos, mesmo estando todos ocupados com a contagem dos votos do 2 turno do PED – processo de eleições diretas do PT. A idéia era, com a solidariedade petista, conseguirmos tais passagens, contatos na fronteira, acesso a Internet, telefonemas para Curitiba e possíveis contatos na cidade (Tia Conca! Infelizmente estava na chácara e não nos pode receber). No final da tarde, fomos convidados a participar de uma sessão alternativa de cinema no Cine Cultura, organizado para arrecadar roupas para as crianças indígenas do estado. Recepção melhor impossível (agradecimento especial ao companheiro Serginho!). Por fim, ‘pintou’ a posse da nova diretoria do Diretório Regional no dia seguinte, as 15h00 no Hotel Jandaia em Campo Grande. A previsão era de casa cheia, com lideranças, trabalhadores e parlamentares de todo estado. Não deu outra. Por lá conhecemos Arturo, de Corumbá e filho de bolivianos que prontamente nos passou contatos; Marta, professora em um acampamento do MST no interior do estado entre outros. Agradecimentos ao companheiro Nilo, que ‘gritar’ da tarde, nos concedeu o direito de seguir viagem. Pois que as 18h00 chegamos a rodoviária no centro da cidade, e garantimos nossa partida a meia-noite para a fronteira.

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Curitiba – Campo Grande MS – 16/12/07

Estamos saindo de Curitiba rumo ao mundo. Como sempre a pontualidade nos condena. A previsao de saída do ônibus era para as 21h00, mas passado mais de 10 minutos, tanto Amarelo quanto Emanuel alteravam suas passagens. Pros que nao acompanharam as últimas reunioes do coletivo, saibam as pessoas que partem em mais essa caminhada: Érico, Rê, Amarelo e Emanuel.

Pois é, o companheiraço Guti, por força maior desfalcará essa nova empreitada. Grande El Comandante!. O Guti fica em Curitiba para Coordenar as atividades do Soylocoporti e servirá como grande apoio na construção de agendas políticas e contatos com os movimento sociais bolivianos, além de coordenar a organização do CLACEA.

É a quarta vez em quase 3 anos que o coletivo vai a Bolívia. A sensação é atípica. Não caiu a ficha ainda. A TV, os noticiários, familiares e amigos nos pedem cautela ao entrar na Bolívia. Será que a eminente guerra civil procede ?

Por que os meios de comunicação não nos dão segurança nas notícias que propagam ? Por que apenas 8 famílias detém o monopólio das comunicações no Brasil ? Por que mesmo sendo proibido, políticos, deputados, senadores dirigem o noticiário ? Precisamos de um marco regulatório nas comunicações urgente!! Fora Hélio Costa do Ministério das comunicações do Governo Lula.

O coletivo Soylocoporti nasceu do ímpeto de jovens mochileiros, provindos do movimento estudantil, e hoje, nosso sítio na Internet tem como proposta aglutinar informações como um portal da América Latina. O coletivo é formado por brasileiros, chilenos, Argentinos, Colombianos entre outros. É hora de Mudança!!! A chama no coração da América Latina pega fogo como nunca. Todos os países enfrentam reviravoltas, agitação política, forte efervescência social, valorização cultural e o povo latino americano solicita o poder em suas mãos!!! Vamos nós!

obs: tentarei atualizar o diário com a maior frequência possível. Tenham paciência!

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A dominação da Rede Graal nas Rodovias brasileiras!!!

Por Érico Massoli

A dominação da Rede Graal nas Rodovias brasileiras

Quem viaja pelas conturbadas rodovias brasileiras sabe a dificuldade de fazer uma parada bem feita e segura, com preços acessíveis e ao bel prazer de todos. Rodovia é sinonimo de stress! Não para todos, obviamente. E encontrar um lugar agradável onde se possa descansar com tranquilidade e usufruir de um serviço bom e barato para continuar a viagem acabam sendo apenas ¨detalhes¨ que para nós reres mortais, desprovidos de altas cifras, somos impedidos.

Via de regra, nós estudantes, quando viajamos os estados brasileiros, em busca do novo, do desafio e do aprendizado, e da troca de vivências nos variados congressos estudantis pelo Brasil afora, nos deparamos com os conglomerados e redes de conveniência, até então senhores das rotas de empresas de ônibus brasileiras. Ou melhor, detentoras de um grande negócio expúrio, também chamados de monopólios. O tão propalado ¨padrão de qualidade, higiene e conforto, em busca da melhor e mais completa rede de postos de serviço nas rodovias brasileiras¨, tornou-se mote descarado e irregular na dominação e construção de grandes redes monopolísticas que atacam a liberdade individual e eonômica de nós cidadãos em transito.

O expansivo turismo rural, somado a necessidade de bem servir e dar segurança aos viajantes, descanso, alimentação CAREIRA, compra de presentes (até isso!!), tranvestiu e corrompeu o nosso direito, do consumidor, de ter acesso e alternativas a estabelecimentos comerciais nas estradas brasileiras. Quem define a parada dos ónibus são as empresas de transporte ou a própria Rede Graal ?

E as organizações caseiras ? Os pequenos e médios produtores rurais como ficam ? Será que possuem o mesmo privilégio econômico para ¨nadarem de braçada¨ na expansão financeira do Brasil ? Ou se faz necessário um grande Lobby ?

Por que todas as empresas de ônibus na região centro-sul do Brasil só param na Rede Graal ? Há algum acordo sendo escondido de nós consumidores ?

Por que quando compro uma passagem de ônibus ainda sou obrigado a comer na Rede Graal ? Por que preços tal altos ?

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Ensaio sobre Carlos Castañeda!

Ensaio sobre Carlos Castaneda

O que dizer de uma filosofia que oferece uma nova visão de Mundo? Uma filosofia que não tem nenhuma ligação com nada conhecido? Uma filosofia que se baseou na experiência dos feiticeiros indígenas da América mas que entendeu toda a complexidade do mundo moderno?

Esse é o desafio que os críticos brasileiros não souberam ou não quiseram aceitar. Pois a revelação de Don Juan e tão radicalmente nova que poucos tiveram a coragem de, publicamente, declarar seu amor por ela. Marília Pera, por exemplo, foi ridicularizada por usar alguns textos dos livros de Castaneda no seu show Feiticeira. A revista Veja divulgou uma entrevista de Castaneda, mais como “furo” de reportagem, por interesse comercial, do que por qualquer outra coisa.Assim mesmo o texto enquadra Castañeda como um autor tradicional (existe até uma comparação com Borges).

Os livros de Castaneda não são literatura. Basta ler todos eles para se chegar a essa conclusão. É a divulgação de uma revelação espiritual, a primeira revelação espiritual da América. O problema dos críticos que a maioria deles não entendeu direito a revolução cultural que começou na década passada. Tem gente que ainda acha que rock é uma barulheira, que todos tomam drogas para se alienar, que as pessoas deixam crescer os cabelos por problemas freudianos elementares, e que tudo não passou de uma moda que o sistema tratou de aproveitar.

Esses preconceitos é que impedem as pessoas de entender uma mensagem tão profunda como e a revelação de Don Juan para todos nós. Tudo isso é muito revelador, pois quem não acredita na revolução (ou não sabe como localizá-la ) acaba lutando contra ela.

A mistificação, principal denúncia dos críticos a Carlos Castaneda é a coisa mais combatida por Don Juan, durante todo o ensinamento. A luta toda de Don Juan, segundo o relatório de Castaneda, e fazê-lo libertar-se dos equívocos que séculos de civilização cristalizaram na sua cabeça. Isso é que dá o carater de revelação, pois todas as revelações espirituais que conhecemos querem mudar a percepção das pessoas, querem mudar seu sistema de valores mudando a maneira de viver das pessoas.

Não foi em vão que Cristo disse para os seus discípulos: “Deixa tudo, Vem e segue-me”. Cristo arrancava assim as pessoas de suas rotinas diárias e os iniciava nas coisas que essas rotinas adiam durante a vida toda. Levava-os para passear no deserto, atravessava os rios, ficar acordado à noite. Com isso Cristo fazia os discípulos mudarem a sua percepção de mundo, pois estavam sempre atentos, não sabiam o que iam comer, nem quando nem onde, seus pensamentos entravam em outra viagem, cheia de visões, de verdades, de premonições.

A filosofia oriental não age diferente. O guru esta sempre procurando despertar no seu discípulo uma nova percepção, pois a percepção normal está completamente embotada para a magia do universo. No fundo, a percepção normal é apenas o mais eficiente instrumento de poder. É através dela que um homem pode fazer o mesmo gesto até morrer, sem reclamar. É obstruindo a visão mágica do universo, que só vem através da atenção constante, que o poder escraviza os homens. E Cristo, Buda, Maomé e outros foram exatamente contra essa dominação, que se faz dentro da cabeça de cada um.

O que o poder fez com Cristo por exemplo? Chamou-o de Deus e encerrou o assunto. E mandou queimar todos aqueles que quiseram provar que qualquer um poderia fazer o que ele fez, como curar doentes, passear pelas águas, desaparecer. A perseguição aos bruxos (que ainda não acabou) é apenas uma disputa de poder, ou melhor, e a guerra sistemática do poder contra a libertação do espírito. Pois se as pessoas conseguirem voar por cima dos telhados quem é que vai ficar trabalhando oito horas por dia?

Naturalmente, esse tipo de raciocínio não pode ser levado a sério pela mentalidade oficial, apesar do lado prático do poder se encarregar de limpar o terreno, o desprezo e a ironia são apenas formas sofisticadas de repressão muito eficiente na nossa época de extrema manipulação psicológica. Além disso, o poder prefere não se preocupar com coisas tão radicais como pessoas saírem voando pela janela, pois confia exageradamente nas drogas permitidas, como a televisão, o automóvel, o álcool, etc. Todo esse enfoque ficou fora da cogitação dos críticos brasileiros tão preocupados com os modismos importados, sem se darem conta que os seus pretextos é que são modismos filosóficos vindos de fora. Pois, se não existissem preconceitos, todos aceitariam a idéia de que um desprezado índio yaqui , perdido num deserto, pudesse ter a clareza total sobre a vida do homem civilizado. E ainda mais: que propusesse uma forma de salvação individual e coletiva como única forma de romper com o círculo vicioso criado pela civilização nestes últimos milênios.

II

Mas do que trata a revelação de Don Juan exatamente? Trata da salvação do homem, como todas as outras revelações. Isto não quer dizer que ele “nasça perdido” por uma contingência natural, como quer a Igreja Católica com sua tese sobre o pecado original. Mas Don Juan admite que o homem nasça perdido por pertencer a civilização. E propõe a destruição da civilização de maneira original: destruindo a civilização dentro de nós. Isto é: não deixando que a percepção de mundo criado e manipulado pela civilização, por milénios de opressão, siga mantendo nosso estado de espírito de impotência, vazio, dor, loucura.

Ele propõe que o homem lute por essa destruição, de maneira simples: não tendo medo da morte, rompendo as rotinas, sendo permanentemente atento a tudo e, principalmente, não perdendo o sentimento de ligação.com a terra. Propõe também o fim de todas as obsessões. Algumas pessoas deixaram de ler o quarto livro, Porta para o Infinito, porque Don Juan aparece de terno. Esta é realmente sua maior lição. No momento em que Castaneda está totalmente convencido que ele é um índio, que se veste como índio e que jamais poderia viver na cidade, ou seja, quando a imagem de Don Juan vira um obsessão para ele, o bruxo aparece de terno para fazer Castaneda romper com ela. Para provar que “um homem de conhecimento” (aqui entramos no conceito específico de Don Juan) pode fazer o que quiser, desde que o faça com desprendimento, isto é , sem obsessão. Luís Carlos Maciel foi um dos jornalistas brasileiros que entenderam essa mensagem. Ele colocou na abertura do seu livro, Nova Consciência, a parte em que Don Juan explica a função do homem de conhecimento, que faz sua tarefa “impecavelmente” e quando a termina, se retira, sem remorsos nem dúvidas (fazer uma coisa impecavelmente é ter consciência da morte a cada momento e encarar cada instante da vida como “a última batalha sobre a terra”).

E qual a tarefa de Castaneda ? É divulgar a revelação. Nota-se um crescente domínio da linguagem de livro para livro. Muita gente desistiu de ler a Erva do Diabo, o primeiro livro, devido a, alguns defeitos, como a estruturação, a monotonia de algumas partes, em que Don Juan explica detalhadamente o uso das plantas. Aos poucos, conforme ia crescendo no conhecimento, Castaneda foi estruturando melhor os livros, sendo cada vez mais contundente. Uma Estranha Realidade ainda tem um pouco dos equívocos do primeiro livros, o que não acontece com Viagem a Ixtlan e Porta para o Infinito. Viagem a Ixtlan está recomendado para todos aqueles que desistiram nos primeiros passos da viagem, pois seus primeiros capítulos são absolutamente objetivos, equivalendo, cada um, a uma martelada. E Porta para o Infinito consegue ser o melhor de todos os livros de Castaneda, não só pela excelente narrativa, como pela divulgação da parte mais assombrosa e radical da revelação.

É quando Don Juan revela que homem não se divide em corpo e alma ou espírito e matéria. Ele propõe uma nova dualidade: o tonal e o nagual (pronúncia: naual) É preciso ter muito cuidado com definição de tonal e nagual, o mesmo cuidado que Don Juan teve ao explicar para Castaneda. Pode-se dizer que é através do nagual que o homem pode voar, se transformar em pássaro, enxergar as outras dimensões de universo. E que é através do tonal que o homem tem a percepção normal do universo, que se tornou obsessiva e anti-natural. Mas o tonal pode ser modificado para se chegar ao nagual sem ficar louco, sem entrar numa viagem sem fim.

III

Don Juan fala sempre em voltar. Isto é, viajar para outros mundos mas sem perder a noção deste mundo. Esse dado é muito importante, pois assim a revelação de Don Juan fica sendo uma resposta à altura que os jovens dos anos 60 procuravam. Fica sendo uma sistematização, um aprofundamento da revolução dos anos 60, quando a juventude partiu para uma profunda transformação dos valores. Essa transformação, através do rock, das drogas, era principalmente por uma nova percepção de mundo.

Mas as filosofias orientais não foram capazes de atender, de satisfazer totalmente aqueles que procuravam ir até o fim da revolução. Sintomaticamente, com Don Juan surge um método prático, ocidental, profundamente identificado com a nova mentalidade que está surgindo no Novo Mundo, para aprofundar essa revolução. Isto é: para que cada um siga seu destino mágico, que ninguém mais sofra com o sentimento de culpa, a vida dupla, o vazio, a monotonia, a loucura.

O “sonho” do anos 60 acabou quando os jovens viram que nada tinha mudado, pois a civilização estava intacta e, o que era pior, faturando em cima da revolução. Ao fazer essa constatação, Jonh Lennon voltou para velhos clichês revolucionários, que abandonou logo depois para voltar ás raízes do rock e fazer outros tipos de procura. Ao bater a cabeça contra o muro, Jonh Lennon se poderia recair no velho clichê da alienação. Esta é sua proposta na música Imagine: fazer as pessoas esquecerem que há países, guerras, fome, etc.

Mas não é isso que Don Juan propõe, é exatamente ao contrário: Ele quer que Castaneda, não se aliene e que abra os olhos para o universo. Não propõe a fuga do mundo. Ele quer que Castaneda enfrente o mundo com outros olhos, outras atividades. Ele quer que Castaneda faça com que a percepção imposta pelo poder desmorone a qualquer hora . Isto é: que não haja sonho mas abertura para outras realidades. Que não lamente nada (como faz Lennon em Imagine) e que seja mágico sempre. A contribuição mais importante de Don Juan para esta revolução é o uso consciente dos alucinógenos para romper com a visão normal de mundo, sem se viciar nos seus efeitos. Don Juam diz só os alucinógenos podem tirar o homem do seu marasmo sensorial, mas avisa que eles são só um impulso, que o mais importante é seguir a coisa sem nenhuma ajuda exterior. Cada um deverá cumprir seu próprio destino. E esse destino, inevitavelmente, será belo, mágico, grandioso, pois um homem que luta pelo conhecimento não ficará fora da verdade do universo.

Esta é a primeira revelação exclusivamente americana: foi feita por um homem que nasceu no Brasil para outro que nasceu na América do Sul e fez sua formação cultural nos Estados Unidos. Foi ter nascido na América do Sul que inclinou Castaneda para o estudo das plantas alucinógenas e foi ter estudado numa universidade importante que lhe deu condições para sistematizar a iniciação de Don Juan, de uma maneira que pudesse ser assimilada pelas pessoas civilizadas. Durante todo o aprendizado, Castaneda faz todas as perguntas que qualquer civilizado comum faria.

A proposta de salvação feita por Don Juan à humanidade é a contribuição espiritual do povo que se formou na América: sem vínculos, debochado, sincero e diretamente ligado em todas as nossas fraquezas e na maneira eficiente de superá-las e encontrar a salvação. É a proposta radical de um povo explorado. Don Juan diz que os feiticeiros índios saíram ganhando com a exploração européia pois se refugiaram no único lugar onde o homem branco jamais iria entrar: no nagual.

Se a revelação for encarada como uma religião (o termo é perigoso devido à experiência negativa das religiões) no seu verdadeiro sentido, de religar o homem ao universo, pode-se dizer que esta uma religião de batalha. Don Juan pede que as pessoas assumam a responsabilidade de viver num mundo maravilhoso. Pois ele não recebeu a luz do alto, como nas outras revelações, mas conquistou-a duramente depois de muita experiência, vivendo como índio explorado pelos brancos. Quem ensinou os segredos para Don Juan não era ninguém especial, era um feiticeiro, um homem.

A saúde de Don Juan não permitirá que ele seja sacralizado. Como endeusar um cara que diz bosta, fresco, gosta de tudo, não reprime nem propõe repressões, é debochado, sabe músicas mexicanas vulgares, investe na bolsa de valores? Don Juan não propõe o desvendamento do mistério (quem somos, de onde viemos, para onde vamos), mas a utilização dos mistérios para a felicidade. Jamais fala em Deus, mas nos poderes que governam o mundo.

Don Juan não acena com a vida eterna mais com a felicidade nesta vida, através de uma vigilância contínua e de um conhecimento claro sobre as coisas. E mesmo que as pessoas não queiram se aprofundar nas plantas alucinógenas, elas poderão praticar, por exemplo, os exercícios de dominar os sonhos (viajando através deles), como perder a importância própria (praticamente e não através do falso sentimento de “humildade”) e como conviver com sua morte. O medo da morte e o que levou o homem a construir o mundo de paranóia em que vivemos. Quanto mais a humanidade tentou se afastar de morte, isto é, quanto mais tentou ser imortal através da ciência, da repressão, da alienação, mais rodeado ficou dela, como provam os arsenais de guerra cultivados por todos os países do mundo.

A grande contribuição para o mundo ocidental é o método de Don Juan para cada um se libertar do complexo de culpa, do falado “pecado original” pregado pela Igreja católica, que e uma fonte cotidiana de dor e insatisfação. Dizendo que nada tem importância, Don Juan propõe uma forma eficiente de romper com o passado (todas as raças do mundo estão nas Américas, continentes sem vínculos com o passado, onde as coisas poderão surgir da realidade presente).

Dessa forma, ela aponta uma forma correta de todos renascerem. É a volta da inocência. Se cada um decide o que é importante (a tarefa do guerreiro), então o tudo está por ser feito. É o fim da transação mórbida com a morte, que é praticada por todas as religiões oficiais. A morte é uma coisa tão viva como escrever um livro e que está sempre a nossa esquerda, na distância de um braço. A qualquer momento ela poderá nos tocar. E pela primeira vez na história uma teoria diz que podemos ser perfeitos neste mundo, sem precisar morrer para alcançar esta perfeição

Um dos filósofos que mais se aproximam da revelação de Don Juan é Nietzsche. Ele se deu conta da importância do corpo para o conhecimento, concebeu a felicidade do homem através de uma filosofia além do bem e do mal, destacou a importância de se viver como um guerreiro, enfrentando a vida, não tendo limites de vôo e se relacionando de maneira aprofundada com a natureza. O problema de Nietzsche é que ele seguiu a tendência de um civilizado comum ao transformar todas essas iluminações em obsessões, dando importância exagerada aos seus sentimentos e ao desprezo pela civilização.

No fim, a filosofia de Nietzsche, que devia ser da saúde, fica também como uma coisa mórbida. Ficou muita pesada, obsessiva e irreal, apesar da dose de verdade contida nela. Irreal porque e impossível para nós viver como Zaratustra (mais um personagem literário de que uma pessoa real) mas é perfeitamente possível viver como um guerreiro. Além disso, Nietzsche não tinha a clareza de Don Juan, nem podia ter, pois era um civilizado, sem nenhum conhecimento das coisas misteriosas que os índios sabem e trouxeram até a nossa época.

VI

Estas são as razões que estão levando milhões de pessoas a comprarem os livros de Castaneda. É a vontade que todos tem de se encontrar, de se salvar e não a vontade que as pessoas tem de se alienar, de fugir da realidade, como pensam os críticos brasileiros. Estes é que estão com os olhos fechados para as coisas novas que estão surgindo no mundo. São estes é que estão procurando se alienar quando colocam ou procuram colocar as verdades simples numa prateleira, sem analisa-las, sem verificar suas causas. Essa alienação é um sentimento generalizado na imprensa, o medo do sistema pelas grandes transformações da humanidade, nessa época de transição social e cultural.

Pois estas pessoas não estão atentas a uma verdade: pela primeira vez na história da humanidade existe uma estrada real que poderá levar qualquer um à totalidade do ser. Se todos tomarem consciência que o verdadeiro par do ser humano não é o bem e o mal, espírito e matéria e sim o tonal e o nagual, a humanidade poderá finalmente partir para uma vida impecável (limpando o tonal) e fazendo viagens seguras ao nagual, aquela parte desconhecida do ser que não existe no céus mas na frente dos nossos olhos e dentro de nós.

Só dessa maneira, vivendo como um guerreiro, e chegando ao conhecimento através da totalidade do ser é que a humanidade poderá enfrentar os umbrais que se aproximam. É importante destacar aqui que Castaneda começou sua viagem através de um relacionamento com uma entidade da natureza (Mescalito, que existe dentro de peiote). Não seria essa a forma que a natureza encontrou de salvar o homem da auto-destruição? Não estaria a natureza ameaçada lembrando ao homem seu verdadeiro destino? Não seria essa a revelação que dá acesso ao poder para todas as pessoas?

Deve-se dizer, ainda, que Don Juan rompeu com todas as tradições. Ele recebeu o conhecimento da tradição indígena, mas não guardou para si ou para o seu discípulo. Permitiu que o segredo fosse divulgado. “O segredo era uma rotina como qualquer outra”, diz ele.

Por enquanto, a revelação está muito bem disfarçada de best-seller. O interessante é notar que a coisa mais explosiva que existe atualmente nas livrarias, que são estes quatro livros, esteja tão relegada pela cultura oficial. Isso prova a importância da revelação, pois só as coisas verdadeiramente novas são desprezadas ou perseguidas. Felizmente, os livros de Castaneda são apenas desprezados, e não poderia ser de outra forma, pois o sistema teme cair no ridículo se queimar livros que ensinam a gente a voar.

Fatalmente surgirão os próximos livros de Castaneda. Pois pôde-se notar que ele não está a fim de deixar seu relatório incompleto (um guerreiro cumpre sua tarefa até o fim e depois se retira sem remorsos nem dúvidas). Cada livro de Castaneda elucida todas as perguntas do anterior crescendo sempre em concentração de informações. ) Novas perguntas surgem a partir do fim do último livro, quando Castaneda e seu companheiro Pablito se atiram do Penhasco pois estará faltando o relatório da sua viagem ao nagual e a maneira como um civilizado vive como um guerreiro. Talvez este novo livro (ou novos livros) surjam daqui a dez anos ou mais, quando Castaneda tiver coisas realmente novas para contar.

Deve-se destacar a importância que essa revelação terá na vida e no pensamento da humanidade, principalmente das gerações mais novas, que já tiveram uma espécie de iniciação coletiva com o rock, as drogas e a volta ao oriente. Essa importância crescerá nos próximos anos à medida que for aumentando a coragem das gerações de 1950-60 em levar a sua revolução até o fim. Dentro de nós é o único lugar que ainda temos.

obs: o texto acima não tem identificação de quem é o autor!

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Frases de Carlos Castañeda

RUMO A UMA NOVA VISÃO

Frases de Carlos Castañeda:

“O poder está no tipo de conhecimento que se tem. De que adianta saber coisas inúteis? Elas não vão nos preparar para o encontro inevitável com o desconhecido”
A Erva do Diabo

“A maneira mais eficaz de se viver é como um guerreiro. Um guerreiro pode se preocupar e pensar antes de tomar uma decisão, mas uma vez que a tomou, segue seu caminho, livre de preocupações ou pensamentos; haverá mil outras decisões ainda à sua espera. Esta é a maneira do guerreiro”
Uma Estranha Realidade

“Nós não nos damos conta de que podemos cortar qualquer coisa de nossas vidas, a qualquer momento, num piscar de olhos”
Viagem a Ixtlan

“Há muitas coisas que um guerreiro pode fazer, em determinado momento, que não poderia ter feito anos antes. Essas coisas não mudaram; o que mudou foi a idéia do guerreiro sobre si mesmo.”
Porta para o Infinito

“O caminho do guerreiro oferece ao homem uma nova vida, e essa vida tem de ser completamente nova. Ele não pode trazer para essa nova vida seus velhos e horríveis hábitos.”
O Segundo Círculo do Poder

“Todas as faculdades, possibilidades e realizações do xamanismo, das mais simples às mais espantosas, estão no próprio corpo humano.”
O Presente da Águia

“Não há totalidade sem tristeza e saudade, pois sem elas não há sobriedade nem bondade. A sabedoria sem bondade e o conhecimento sem sobriedade são inúteis”
O Fogo Interior

“As possibilidades do homem são tão vastas e misteriosas que os guerreiros, em vez de pensar sobre elas, escolhem explorá-las, sem esperança de jamais chegar a entendê-las”
O Poder do Silêncio

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Nota de esclarecimento aos Estudantes, a Comunidade da UFPR e ao Movimento Estudantil

Nota de esclarecimento aos Estudantes, a Comunidade da UFPR e ao Movimento Estudantil

    Os estudantes do Diretório Central dos Estudantes da UFPR vem rechaçar as mentiras veiculadas por diversos meios de comunicação do Movimento Estudantil, ME, que colocam em xeque o caráter de membros combativos e que se dedicaram ao longo da gestão à construir a verdadeira democracia representativa.

    Os participantes do XI Congresso dos Estudantes da UFPR (Ciências Sociais, Direito, Psicologia, Filosofia, Geografia, Engenharia Florestal, Engenharia da Produção, Arquitetura e Urbanismo, Engenharia Elétrica, Engenharia de Bioprocessos, Matemática Industrial, Engenharia Civil, Oceonografia, Gestão da Informação, Medicina Veterinária – Palotina, Administração, Economia, Engenharia Mecânica, História, Enfermagem e Letras) representando diretamente mais de 10 mil discentes têm plena conciência da resolução, que é clara : somos contra a adsesão ao REUNI porque este tem prazos exíguos. Por deliberação do Congresso o Movimento Estudatil da UFPR chamaria o ato durante o COUN do dia 18, onde disputaríamos nossa posição. Por isso, a posição oficial o DCE é a mesma do Congresso, todos seus membros, independente de opinião pessoal, legitimam e respeitam esta instância democrática superior do ME, todos lutam pela unidade desta resolução.

Várias pessoas vêm colocando que o DCE enquanto entidade não defende os estudantes em luta”, porém colocaremos agora os fatos:

  1. chamamos diversos setores contrários e favoráveis ao REUNI para o debate, colocando prós e contras, e garantimos que praticamente nada foi construído em conjunto com o grupo que encabeça a ocupação, apenas idéias fechadas foram colocadas por parte destes setores.

  2. embora contra a ocupação, da forma como foi feita, pautamos a defesa dos alunos participantes, e ao contrário do que estes dizem, defendemos intransigentemente seu direito à livre manifestação sem represárias de qualquer tipo.

  3. insistentemente tentamos chamá-los para o debate e inclusive para a Assembléia Extraordinária dos Estudantes. Mas a única resposta que tivemos foi a proibição dos representantes do DCE ao prédio ocupado da Reitoria.

  4. lamentamos que uma luta unificadora tenha sido desarticulada por motivos eleitoreiros e politico-partidários, já que toda a discusão “livre e aberta” está se fazendo por um núcleo de 34 estudantes, estes sim, “representates da vontade do estudante”.

  5. por não ser permitida nossa entrada no prédio, estamos impedidos de estabelecer comunicação direta com os estudantes da ocupação, situação lamentável porque isto implica a provável manipulação de informação.

Os membros discentes do Conselho Universitário, até o presente momento, não foram informados com qualquer opinião ou posição dos estudantes da ocupação. Embora o Conselho não seja paritário, parece que o fato de vários professores se solidarizarem com as causas estudantis não é levado em consideração. Sendo prejudicados quando decisões democráticas são atropeladas. Não houve nenhuma tentativa de diálogo construtivo da parte do movimento de ocupação com o DCE, e as tentativas feitas pela entidade representativa dos estudantes da UFPR foram rejeitadas.

O COPLAD de hoje foi meramente informativo, e colocou apenas questões ligadas aos códigos de vagas para professores concursados, sendo que esta decisão de apontamento de vagas é setorializada, ou seja, os Setores definem em seus colegiados para quais departamentos vão as vagas. A grande dificuldade está em definição de critérios para a PRHAE- Pró Reitoria de Recursos Humanos e Assuntos Estudantis – a qual define o processo seletivo, já que os papéis necessários para isto estão no prédio da Reitoria, o que pode significar a não contratação de 180 professores.

Fomos eleitos por uma ampla maioria com a proposta de ocupar os espaços de representação abandonados nas últimas gestões, seguimos princípios de democracia e por eles pautamos nossa luta por uma Universidade de mais qualidade. Parece então que não nos resta outra posição que a de não legitimar a ocupação, pois esta em seus princípios fere toda a discussão e construção feita pelo Movimento Estudantil da UFPR.

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Reitoria UFPR “OCUPADA”?

Reitoria “OCUPADA”?

Ocuparam” a Reitoria, você viu? Pois é… mas não foi deliberado no Congresso dos Estudantes, aliás, instância máxima de decisão dos estudantes, que faríamos um abaixo-assinado pedindo a prorrogação dos prazos do REUNI? Não sendo prorrogado, o DCE votaria contrário ao projeto no Conselho Universitário. O ato dos estudantes não seria neste dia de votação? Sim, foi isto que foi definido. Mas então porque fizemos o Congresso, aliás, instância máxima de decisão dos estudantes, se era para fazer contrário ao que foi deliberado? Por quê? Por quem?

No XI Congresso dos Estudantes da UFPR foi deliberado que o projeto do REUNI apesar de ter estimulado o debate sobre os rumos da universidade e sinalizar com verbas adicionais para a mesma, não contempla as históricas reivindicações da comunidade universitária e permitindo uma série de interpretações e dúvidas nas suas diretrizes, podendo deste modo, ferir sua autonomia. Por conta disso foi deliberado que no Conselho Universitário (COUN), pediríamos mais prazos para a discussão do REUNI na UFPR, que se não entrássemos este ano ao menos pudessemos além de discutir, avaliar como foi o primeiro ano do decreto, caso o COUN não aceitasse a prorrogação votaríamos contra a adesão ao REUNI. Definiu-se ainda que faríamos um abaixo-assinado com a revindição estudantil e que no dia do COUN faríamos um ATO durante a realização da votação.

Acima de tudo, exigimos a prorrogação dos prazos para garantir que a comunidade acadêmica possa trabalhar de forma unida e integrada, desenvolvendo projetos que contemplem as necessidades específicas de cada curso, exigindo assim a adequação do programa do MEC à realidade da UFPR.

É por isso que o DCE UFPR, cumprindo a Resolução do Congresso, não legitima a referida “ocupação”. Pois esta “ocupação” está em desacordo com as deliberações da comunidade estudantil da UFPR, não respeitando as discussões dos estudantes em suas instâncias máximas de deliberação (como o Congresso dos Estudantes da UFPR e o Conselho de Entidades de Base), e passa por cima de debates que vem ocorrendo desde Agosto, e as deliberações decorrentes destes processos. Precisamos manter as ações democráticas para a condução do Movimento Estudantil, caso contrário o discurso torna-se vazio de valor e significado. Dizer que o Conselho Universitário não é democrático e desrespeitar os espaços democráticos no movimento estudantil é muita incoerência.

A batalha dos Estudantes para garantir a Universidade pública, gratuita e de qualidade só terá êxito com a união do movimento estudantil.

Mãos a obra! Vamos para as ruas! “Sim ou Não”, isso não é discussão!

Vamos legitimar as nossas discussões, procure o abaixo-assinado tirado pelo Congresso, cobre do seu Centro Acadêmico.

Diretório Central dos Estudantes – CACE – CEAD – CAGI – DAEP – CAEM – CAEP – GAU – DAEL – DAEBB – DAEQ – CAEA – CAMI – CAMAR – CAMV(Palotina) – CAAT – CAE – CAALV

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QUEM É QUE ESTÁ NO COLO DO REITOR ?

QUEM É QUE ESTÁ NO COLO DO REITOR ?

 

Por Érico Massoli Ticianel – Administração

 

Nos conselhos universitários (CoUn: COPLAD e CEPE; CONCUR) , já com parca representação estudantil – 14%, sistematicamente os conselheiros discentes se ausentavam ao ponto de serem exonerados – a bendita oposição. Todas as decisões políticas da UFPR sem fiscalização ou mesmo contraposição dos estudantes. Deixar de explorar o bom trabalho realizado pelos técnicos ou mesmo por professores ainda que minoria, comprometidos com o futuro da Universidade pública e de qualidade, foi um erro imperdoável. Obviamente que a construção do movimento estudantil se dá nas salas de aulas, CEBs, Congressos e nas ruas. Mas furta-se as obrigações em que se foi eleito e não participar/fiscalizar dos conselhos que definem para onde será investido os mais de R$ 600 milhões da UFPR é uma grande irresponsabilidade.

É justo abandonar os processos estudantis e deixar de defendê-los em casos como o de jubilamento ou perseguição de professores ?

Ser contra os cursos de especializações privados da boca pra fora resolve ? Ou então, apenas sentar em cima do professo é responsável ou propositivo ?

Atualmente, pedir vistas desses processos se tornou pratica cotidiana. Emitir pareceres também. Por via da legalidade, percebemos quantos cursos foram arquivados, ou mesmo quanto de resarcimento a mais a UFPR teve em virtude de taxas inferiores até então declaradas. Mesmo assim, a posição de gestão sempre foi contra aos cursos pagos. Não acabamos com todos, mas inúmeras correções em favor da UFPR foram feitas. A luta contra os cursos pagos não se vence isolamente. Deve ser uma atuação integrada e de amplitude nacional. Até parecer contábil foi feito, ao ponto de no CONCUR, por exemplo, a representação discente ter maior conhecimento de causa que qualquer outro professor presente. Que pena que os estudantes são impedidos, por lei, de presidir sessões como a do CONCUR, comissões e etc, mesmo quando estão mais preparados.

 

Participação no Conselho de extensão

 

Por que a mais de 5 anos não havia participação estudantil no conselho de extensão ? Cansamos de ouvir pelos corredores que a extensão universitária é o patinho feio do tripé universitário, que é o meio de aproximar comunidade acadêmica da sociedade civil em busca do cumprimento das funções sociais da Universidade. Que grande incoerência da nossa querida oposição! Mãos a obra.

 

 

Bolsas Monitorias de Agrárias

 

Por uma ingerência no procedimento de definição das bolsas agrárias, todos os estudantes daquele setor ficaram desprovidos de bolsas acadêmicas que visam a formação acadêmica e pesquisa. Entretanto, com auxílio do CAALV – agronomia, o DCE em sessão do conselho universitário, com muita insistência, conquistou verba extra, R$ 50 mil, para a reposição dos bolsistas monitoria do setor.

Outras conquistas foram alcançadas: revisão do critério presencial para solicitar bolsas monitorias e participação estudantil nesses conselhos.

No ano de 2006, o mesmo problema aconteceu com o setor de Jurídicas, quando os estudantes daquele setor ficaram abandonados e sem bolsas monitorias. Caso tivesse havido representação discente nos conselhos superiores na gestão anterior, os estudantes de direito não teriam ¨pago o pato¨ e tampouco teria ocorrido problema similar no Setor de Agrárias em 2007.

*Érico Massoli Ticianel é estudante de administração,Coordenador Geral do DCE e Vice-presidente da União Paranaense dos estudantes.

 

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REUNI: UM PASSO A FRENTE OU ATRÁS?

    REUNI: UM PASSO A FRENTE OU ATRÁS?

    Vigília em defesa da universidade pública

    O Reuni (Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais) se apresenta como um programa com capacidade o suficiente para mudar a cara das universidades federais brasileiras: possibilidade de reformulação curricular, investimento em infra-estrutura, ampliação do acesso e contratação de técnicos e professores.

    Pretende realizar isso por meio do aumento de 20% dos recursos financeiros para as Ifes (Instituições Federais de Ensino Superior) que aderirem, exigindo como contrapartida o cumprimento de duas metas: a taxa de conclusão deve ser de 90% e relação professor/aluno, 1/18. Como diretrizes do programa, o MEC propõe a redução das taxas de evasão; ocupação de vagas ociosas e aumento de vagas de ingresso (principalmente no período noturno); ampliação da mobilidade estudantil; revisão da estrutura acadêmica, com reorganização dos cursos de graduação e das metodologias de ensino-aprendizagem; diversificação das modalidades de graduação e, por último, a ampliação de políticas de inclusão e assistência estudantil.

    Porém é certo que o programa e seus anexos estão longe de resolver todos os problemas das universidades públicas. Antes de tudo é importante observar que por se tratar de um decreto presidencial, e não de um projeto de lei, é impossível não discordar do método, já que tal ferramenta sempre vem desprovida de suficiente debate e formulação por parte da sociedade.

    Além disso, outro problema de fundo é o condicionamento entre adesão ao programa e provimento de verbas. Isto fere o princípio de autonomia das instituições de educação superior. Se o MEC (Ministério da Educação) é o mantenedor das universidades públicas federais, cabe a ele destinar os recursos para que as instituições ofereçam um ensino de qualidade, independente de participação ou não em determinado programa.

    E há ainda outro ponto polêmico: os prazos. Mais do que exíguos, tais prazos concorrem para que a discussão e debate ampliado não se dêem da forma desejada. Mas o que fazer frente a esta conjuntura? E o que propõe o programa?

    Além do mais, nas diretrizes gerais do Reuni recomenda-se a adoção de “uma formação inicial de curta duração e diplomas intermediários” de modo a “utilizar, de forma mais eficiente, os recursos materiais e humanos existentes nas universidades”. Portanto, a excelência e a formulação do conhecimento acabam sendo para os poucos que podem obter o diploma “integral”. Uma tarefa que deveria ser do ensino médio técnico é delegada a universidade.

    Aqui está um grande ponto polêmico do programa: alguns setores têm interpretado esta diretriz como a implementação da “Universidade Nova” – projeto pedagógico da UFBA que prevê bacharelados interdisciplinares e uma formação intermediária. O Reuni permite esse tipo de projeto, mas não é um compromisso. No caso da UFPR, há indícios de que isto não será efetivado, pois a reitoria tem se empenhado no projeto pedagógico da UFPR Litoral e nas novas formas e metodologias de ensino que estão sendo implantadas por lá.

    Porém, apesar disso tudo, é fato também que o Reuni é o primeiro grande indicativo de reoxigenação das universidades federais brasileiras. São dois bilhões de reais a serem liberados para a contratação de professores e técnicos, investimentos em infra-estrutura, ampliação do acesso ao ensino público, reformulação curricular, mobilidade estudantil, dentre outras medidas. Medidas, aliás, que são uma reivindicação histórica da comunidade universitária.

    Cabe destacar ainda que entre os principais opositores ao projeto estão os grandes empresários da educação, devido à previsão de ampliação de vagas do programa e conseqüente migração de estudantes para o ensino público. Se estes são os grandes incomodados, este é um forte indicativo de qual será o maior beneficiário do programa: o ensino público.

    Mas é claro que um projeto desta magnitude vem cheio de incertezas, dúvidas, polêmicas e criticas, sobre as quais precisamos nos debruçar com muito cuidado, para não nos iludirmos com a propaganda da expansão pura e simplesmente. Nosso desafio é viabilizar o debate com a comunidade universitária, de forma a amadurecer nossas opiniões. Dessa maneira, listamos abaixo alguns pontos e características principais do Reuni, a começar com as duas cláusulas pétreas do decreto. Confira:

    1. Precarização ou aproveitamento? A relação professor/aluno 1/18

    De acordo com o MEC, esta relação indica uma média de 45 alunos em sala de aula, considerando que cada estudante curse cerca de vinte horas semanais. O que pode parecer aceitável para alguns, significando um melhor aproveitamento dos quadros docentes, é impossível para algumas áreas e deve, de fato, causar um aprofundamento das diferenças entre os cursos. Como assim? No setor de Biológicas ou na Saúde, por exemplo, esta relação é impraticável, pois os cursos têm muitas aulas laboratorias e estágios obrigatórios (como os internatos da Medicina), que necessitam de uma relação muito menor entre o número de docentes e discentes. Tendo em vista esta realidade, ao entrar no programa não conseguirão atender a exigência. Como a meta deve ser atingida pela universidade como um todo, e não setor a setor, caberá a outros setores administrarem a entrada de alunos para que se chegue ao número determinado. Desta forma, o setor de Ciências Humanas, por exemplo, pode ter que dar conta dos alunos que deveriam ser absorvidos por outros setores. Isto significa que alguns cursos irão contratar professores e outros terão apenas que colocar alunos para dentro. Aumentando esta relação, torna-se inevitável o inchaço e a provável perda de qualidade nas salas de aula. Sem contar que o clima dentro da universidade será, possivelmente, de competição entre setores e cursos e que os locais com melhor representação política continuarão sendo os mais beneficiados. Saindo da esfera do ensino, resta ainda a indagação sobre como estas metas se refletirão na relação professor/aluno no que diz respeito às atividades de pesquisa.


    2. O dilema da diplomação de 90%

    É fato que a política de ocupação de vagas ociosas da UFPR contribui de sobremaneira para a ampliação da diplomação. Em três anos, o Provar, apesar de suas contradições, proporcionou um crescimento da universidade superior a 20%, aproximando a taxa de conclusão aos índices propostos. Temos que ter claro que se as ocupações de vagas ocorrerem com qualidade e autonomia dos setores, só trazem benefícios para a sociedade. Afinal é dinheiro público investido e tanto melhor que o retorno para a sociedade seja o maior possível.

    Entretanto, esta cláusula possibilita medidas de não contenção de alunos, além da falta de critérios nas avaliações das disciplinas e das diplomações em massa. Nossa luta deve, portanto, se concentrar para que tal meta seja atingida com qualidade, evitando-se a repetição do erro cometido no ensino básico fundamental, no período do ex-ministro Paulo Renato de Souza.

    3. Pesquisa e Extensão

    Nem a pesquisa e nem a extensão são colocadas como prioritárias neste projeto de expansão. Tal fato nos causa grande preocupação e joga para os conselhos setoriais e universitários a responsabilidade de garantir a construção democrática de projetos político-pedagógicos, de forma a efetivar a produção de conhecimento e a emancipação das pessoas.

    Além disso, o abismo entre a graduação e pós-graduação não pode continuar. Nesse sentido, o Reuni propõe o suporte da pós-graduação ao desenvolvimento e aperfeiçoamento dos cursos de graduação, orientada para a renovação pedagógica da educação superior. No entanto, é preciso ter cuidado para que este indicativo não seja o de substituir professores por mestrandos ou doutorandos e muito menos priorizar os cursos pagos da modalidade latu sensu.

    4. Recomposição imediata de professores

    O Reuni vem acompanhado da Portaria Interministerial n 22, de 30 de abril de 2007 (vide texto sobre professor equivalente). Esta é uma medida independente do programa e há muito reivindicada pelas universidades federais. Trata da recomposição do quadro de professores por meio da criação de um banco de professores-equivalentes – tabela de professores por universidade, de acordo com os critérios expostos na portaria, que garante a abertura de concursos para professores independente de autorização específica, recompondo de imediato o quadro de professores efetivos. A medida também mantém a regulamentação dos professores substitutos, nas hipóteses previstas na Lei no. 8.745, de 9 de dezembro de 1993. Entendemos que, embora não faça parte do Reuni, reoxigena as universidades com contratação de professores em RJU (Regime Jurídico Único).

    5. A expansão do ensino superior público

    É incontestável a necessidade de expansão do acesso ao ensino superior publico brasileiro. O esgotamento do modelo preconizado no governo FHC, de enxugamento das IFES e explosão das particulares, é uma realidade se avaliarmos os altos indices de inadimplência das pagas. Esta constatação deixa claro que não há outra saída que não o investimento no ensino público.

    Entretanto, é preciso ter cuidado para que a expansão não seja seguida de redução de qualidade e precarização do trabalho. Reivindicamos o aumento dos cursos noturnos como forma de inclusão, mas estes precisam ter a mesma qualidade e objetivos dos cursos matutinos e integrais, de modo que a universidade não forme categorias diferenciadas de profissionais: os formuladores e os reprodutores. É, portanto, central que a assistência estudantil seja protagonista nos processos de redução das taxas de evasão e ocupação das vagas ociosas.

    6. A mobilidade estudantil

    Prevista no Reúne, esta política possibilita a construção do conhecimento interdisciplinar e deve ser defendida, porém muito bem regulada pelas IFES e seus conselhos universitários. Na UFPR, isso já é permitido com a resolução do CEPE 37/97. Além disso, é necessário garantir condições materiais para a permanência dos estudantes e seu aprofundamento nos estudos nas instituições que participarem destes intercâmbios.

    7. Transformações no projeto político-pedagógico

    Não basta o ingresso e permanência na universidade se seu ensino não for emancipatório. Compreendemos que é fundamental uma reformulação radical no método pedagógico vigente, que é obsoleto e colaborador do estado das coisas. As universidades hoje contribuem mais para a reprodução do conhecimento do que para a sua produção. A relação entre professores e estudantes, geralmente, é a do pólo emissor do conhecimento para o receptáculo vazio do mesmo.

    Além disso, as universidades públicas são responsáveis por 97% da produção científica do país. Não podemos perder esta importante vocação do ensino público e o movimento estudantil deve estar atento para isso. Para mais, a articulação da educação superior com a educação básica, profissional e tecnológica também deve nortear as universidades públicas e isto não pode ficar apenas no papel.

    Portanto, precisamos nos concentrar e organizar a luta para interferir nos projetos pedagógicos de cada curso e setor das universidades, lutando pelo modelo educacional que defendemos.

    8. E o DCE UFPR?

    É preciso reafirmar que a adesão ao Reuni substitui o princípio da autonomia institucional por um modelo contratual de relações entre as universidades federais e o MEC, o que de imediato implica, a subordinação das atividades acadêmicas e de gestão das universidades a diretrizes circunstanciais de governo, estabelecidas unilateralmente. Muito embora seja importante também reconhecer que o montante destinado às universidades é superior a qualquer plano anterior e prevê investimentos por cinco anos.

    Fica ainda a questão sobre a possibilidade de não-adesão das unidades acadêmicas que assim decidirem. Como se dará, nestes casos, a distribuição dos investimentos e das vagas, tanto discentes quanto docentes? E como será conduzido o processo de reestruturação dos cursos e currículos? Os cursos poderão optar por manter sua atual estrutura curricular, não aderindo à proposta de formação inicial de curta duração e de concessão de diplomas intermediários?

    Além disso, nada impede que os 20% a mais já alocados no orçamento do MEC sejam destinados aos projetos à medida que eles cheguem ao ministério, sem a imposição de curtíssimos prazos.

    É preciso, portanto, pressão estudantil. As datas devem ser prorrogadas; debates e grupos de trabalho formados. O movimento estudantil da UFPR precisa pautar a discussão e participar de todos os fóruns para defender o projeto político de universidade com extensão, ensino, pesquisa e referenciada pelas demandas da sociedade. O estudo do processo e a atenção serão fundamentais para a construção mais concreta e qualificada da universidade que queremos.

    Cabe aos estudantes da UFPR travar um debate sério e profundo, procurar o diálogo, saber ouvir e questionar. É preciso combater a política oportunista de grupos políticos meramente opocisionistas. Nesse momento, a direção do DCE tem se dedicado especialmente à participação em todos os fóruns e instâncias de debate e deliberação da universidade. Tem buscado ao máximo estar próxima dos estudantes. Nossos espaços estão abertos e os representantes estão disponíveis para o debate. Nos conselhos departamentais e setoriais, CEBs e nos conselhos superiores temos travado a discussão de modo cuidadoso. Além disso, estamos na iminência do Congresso dos Estudantes da UFPR, instância máxima de deliberação do movimento estudantil da universidade, onde definiremos a posição da categoria discente.

    Portanto, é fundamental que todos se debrucem sobre o projeto, compreendam seus impactos e fujam das críticas fáceis e simplificadoras. É o destino do ensino superior público que está em jogo. Devemos ser responsáveis o suficiente para não nos tornarmos “nem apocalípticos e tampouco integrados”. Não queremos ser pessimistas e nem utópicos. Cabe a nós uma representação responsável e um posicionamento que reflita o interesse público.

DCE UFPR – Diretório Central dos Estudantes

Gestão Amanhã Vai ser Outro Dia

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